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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Francisco defende a fé e o casamento em sua primeira encíclica

O papa Francisco publicou nesta sexta-feia sua primeira encíclica, "Lumen Fidei" (A luz da fé), escrita "a quatro mãos" com Bento XVI e na qual defende a fé nos tempos modernos e o papel da família tradicional.
Quatro meses depois da eleição do primeiro pontífice jesuíta e latino-americano da história, Francisco faz uma ampla reflexão sobre a fé no mundo moderno.
Dividida em quatro capítulos, uma introdução e uma conclusão, o documento, que na versão em português tem mais de 80 páginas, completa o trabalho teológico de Bento XVI sobre as virtudes depois de "Deus caritas" ("Deus é caridade") de 2005, "Spe Salvi" ("Sobre a esperança cristã") de 2007 e "Caritas in Veritate" ("Na caridade e na verdade") de 2009.
Esta é a primeira encíclica da história do catolicismo escrita por dois pontífices, já que Bento XVI iniciou a redação antes de renunciar ao pontificado, em fevereiro.
Ao texto original elaborado pelo Papa emérito, Francisco acrescentou "algumas contribuições", como ele reconhece abertamente na introdução: "Ele havia completado praticamente uma primeira redação desta Carta encíclica sobre a fé. Eu o agradeço de coração e, na fraternidade de Cristo, assumo seu precioso trabalho, acrescentando ao texto algumas contribuições".
O texto, que contém muitas citações e menções ao Evangelho, assim como a autores laicos, como Dostoievsky, Dante, Nietzsche e T. S. Eliot, conserva o estilo da maioria dos documentos e livros do papa emérito alemão, um reconhecido teólogo.
Na introdução, que tem a linguagem literária de Francisco, o papa argentino explica o objetivo da encíclica, "responder à objeção de muitos contemporâneos" de que a fé "já não serve para os tempos novos, para o homem adulto, ufano de sua razão, ávido por explorar o futuro de uma nova forma".
"Em primeiro lugar devemos recuperar o caráter de luz próprio da fé, capaz de iluminar toda a existência do homem, de ajudá-lo a distinguir o bem e o mal, sobretudo em uma época como a moderna, na qual o crer se opõe ao buscar e a fé é vista como uma ilusão, um salto no escuro que impede a liberdade", escreve Francisco.
"Não se deve buscar o que um ou outro escreveu. Acredito que esta encíclica tem muito de Bento XVI e tudo de Francisco", afirmou o cardeal alemão Marc Ouellet ao falar sobre o texto à imprensa.
A carta papal, dirigida tanto aos bispos e religiosos de todo o mundo quanto aos laicos, se converte mais à frente em um texto teológico, no qual aborda o papel da fé e da verdade, da fé e da razão, do amor, porque para os dois Papas "Deus é amor".
"A cultura contemporânea tende a aceitar apenas a verdade tecnológica, o que o homem pode construir e medir com a ciência e o que é 'verdade porque funciona'", advertem os dois Papas, que lembram que isso levou aos totalitarismos do século passado.
Como sinal de que não existem diferenças doutrinárias entre os dois pontífices, nesta manhã ambos se abraçaram ao se encontrar nos jardins do Vaticano durante a consagração do Estado do Vaticano a São José e a São Miguel Arcanjo.
O quarto capítulo é dedicado à relação entre a fé e o bem comum, tema chave para Francisco.
"A fé [...] torna fortes os laços entre os homens e se põe a serviço concreto da justiça, do direito e da paz" e "não é alheia ao compromisso concreto do homem contemporâneo", afirma o texto.
No mesmo capítulo defende "a família fundada no matrimônio, entendido como união estável de um homem e uma mulher".
Para Francisco e Bento XVI, a família "nasce do reconhecimento e da aceitação da bondade da diferenciação sexual", que "promete 'um amor para sempre' e reconhece o amor criador que leva a gerar filhos".
A encíclica conclui com um texto do pontífice argentino dedicado a Maria, "ícone perfeito" da fé, e contém uma frase famosa do Papa latino-americano que ele costuma lançar aos jovens: "Não deixem a esperança lhes seja roubada".
A encíclica, considerada o documento mais importante que um Papa escreve durante seu pontificado, foi traduzida para vários idiomas.

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